Cerveja sustenta quase 2 milhões de empregos no Brasil

Luiz Nicolaewsky, do Sindicerv, vê espaço para ampliar o mercado e a qualidade da produção nacional

"No segmento, tem mais gente trabalhando em tributos do que em inovação", lamenta Nicolaewsky, presidente do Sindicerv (Foto: Divulgação)

O segmento da cerveja mantém quase 2 milhões de empregos no Brasil. O número consta do Relatório da Oxford Economics que avalia o impacto econômico global dessa indústria e abastece a Worldwide Brewing Alliance (WBA), da qual faz parte o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). Em entrevista à Beer Art, o superintendente do Sindicerv, Luiz Nicolaewsky, afirma que há mais espaço para expansão do mercado brasileiro e para avançar no que já vem ocorrendo nos últimos anos, a melhoria de qualidade.

A WBA representa aproximadamente 90% da produção mundial de cerveja e acaba de divulgar os resultados do primeiro relatório global sobre o impacto econômico do setor cervejeiro realizado pela Oxford Economics. De acordo com o estudo, a indústria da cerveja mundial foi a responsável pela geração de US$ 262 bilhões de tributos e 23,2 milhões de empregos (1 em cada 110 empregos diretos e indiretos no mundo) nos 70 países estudados, entre eles o Brasil, onde o número de postos de trabalho direto alcançou 1,9 milhão em 2019. (Para aprender a criar um currículo maravilhoso confira).

À frente do Sindicerv, responsável por cerca de 80% da produção de cerveja no Brasil, Nicolaewsky destaca:

“O documento comprova a importância e o potencial do setor cervejeiro como um dos principais setores para a recuperação econômica mundial. A cadeia produtiva da cerveja se estende desde o agronegócio até o consumo final das famílias, com mais de 40 mil veículos empregados na distribuição."

Na entrevista à Beer Art, o superintendente do Sindicerv destacou as frentes de atuação em que a entidade aposta, em busca de ampliar o tamanho e a qualidade do mercado no Brasil:

O brasileiro está bebendo mais cerveja

Mesmo no contexto da pandemia, a venda de cerveja aumentou no Brasil. Em 2020, conforme levantamento da Euromonitor para o Sindicerv, o volume cresceu 5,3%. Em 2021, atingiu 14,3 bilhões de litros, um crescimento ainda maior: 7,7%.

Carga pesada de impostos desacelera expansão

"No segmento, tem mais gente trabalhando em tributos do que em inovação", lamenta Nicolaewsky.

Além da carga aproximada de 56% de impostos, o executivo do Sindicerv vê com preocupação o risco de avanços de conceitos punitivos de tributos, para inibir a produção e o consumo de cerveja, como ocorreu com o cigarro, embora sejam indústrias de natureza diferente. Nicolaewsky não só defende tributação menos pesada - até porque a maior parte dos insumos é importada, o que eleva os custos de produção -, mas também um escalonamento para aliviar ainda mais as cervejarias de menor porte.

Pelo consumo responsável

O Sindicerv defende o consumo responsável, não apenas por questões humanitárias, mas também pela própria sustentabilidade do negócio. Nicolaewsky observa que o mercado está se diversificando e avançando nos nichos dirigidos a públicos que buscam a chamada "saudabilidade", como o caso das cervejas de baixa caloria e as não alcoólicas.

A busca pelo consumo responsável de cerveja impulsionou as vendas da categoria “não alcoólicas”. Segundo levantamento da Euromonitor para o Sindicerv, esse segmento registrou o aumento mais expressivo no consumo no último ano. A projeção do volume por litros foi de mais de 257 milhões, o que corresponde ao crescimento de 30% nas vendas em comparação com o ano de 2020, quando foram consumidor 197,8 milhões/litro.

Plataforma de autoavaliação das cervejarias

Nicolaewsky revela que está perto de ser concluída uma plataforma para que as cervejarias possam se autoavaliar, com parâmetros para aprimorar a qualidade de gestão e de produção. O executivo diz que essa ferramenta vai ficar à disposição de todo o segmento, de forma mais ampla, e não apenas às cervejarias que fazem parte do Sindicerv.

Impacto no PIB

O estudo para a WBA, realizado entre 2015 e 2019, pré-pandemia, portanto, aponta que o segmento estimulou US$ 28,7 bilhões em contribuições brutas para o PIB nacional em 2019. Isso equivale a R$ 1,50 de cada R$ 100 da riqueza do país - o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços. Em receitas fiscais, apenas em 2019, a indústria da cerveja no Brasil gerou US$ 14,8 bilhões em contribuições, o que representou 2,5% da arrecadação federal.

O relatório completo pode ser acessado neste link.