Com produção sustentável, cerveja com pinhão chega ao mercado nacional

Com edição limitada, foram envasadas 45 mil garrafas da cerveja

A Insana com pinhão é uma Barley Wine com 8,5% de teor alcoólico e 60 IBU (Fonte: Divulgação)

Neste inverno o pinhão estará nos supermercados do Sul e Sudeste do país de uma maneira diferente. Uma cerveja produzida no interior do Paraná leva o sabor e o aroma da semente típica dessa época do ano. A cervejaria Insana, responsável pela bebida, uniu-se ao projeto Araucária+, iniciativa conduzida pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, para criar uma cerveja de pinhão que gera conservação. Trata-se de uma Barley Wine com 8,5% de teor alcoólico e 60 IBU.

A bebida é produzida sazonalmente, apenas quando a extração do pinhão é autorizada. Para 2015 foram envasadas 45 mil garrafas, que têm como destino principalmente os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cerca de 800 kg de pinhão proveniente do planalto serrano de Santa Catarina foram utilizados na cerveja.

No inverno de 2014 a cervejaria Insana lançou uma versão da bebida com pinhão, durante o Degusta Beer & Food, em São Paulo. O grande diferencial do lote de 2015 é a parceria que garante a produção de acordo com padrões sustentáveis, que ajudam a proteger a Floresta com Araucárias, ecossistema associado à Mata Atlântica e que possui menos de 3% de sua cobertura original.

“Acreditamos que o mercado brasileiro está cada vez mais preocupado com o impacto dos produtos no meio ambiente, por isso estamos apostando nessa cerveja. Além de contribuir para conservar uma floresta extremamente ameaçada, também valoriza um produto regional do Sul, reforçando nossa cultura”, afirma Paulo Reis, gestor da cervejaria Insana.

O padrão sustentável desenvolvido pelo projeto Araucária+ se baseia em medidas como a retirada do gado, caso os produtores possuam, da área vinculada à produção sustentável, pois o pisoteio desses animais prejudica o crescimento de novas plantas, impedindo a regeneração da floresta. Os proprietários também se comprometem a não realizar queimadas, nem utilizar agrotóxicos para controle de sub-bosque, por exemplo.

“Essas ações têm como objetivo reduzir os impactos gerados nas áreas de floresta nativa, contribuindo para a sustentabilidade da cadeia”, explica Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário. Além dessas ações, o coordenador ressalta também um cuidado a ser observado durante a coleta do pinhão: “os produtores não podem extrair as pinhas verdes e devem deixar 20% delas nos pinheiros para não prejudicar a disponibilidade desse alimento para aves e roedores, além de permitir a regeneração natural da espécie”.

Bom negócio

Além de unir proteção da biodiversidade e novas oportunidades de negócio, o projeto Araucária+ também é benéfico para os produtores envolvidos, pois passam a receber mais pelo quilo de pinhão. O preço médio por quilo da safra de 2015 oscilou entre R$2,50 e R$3, mas os integrantes do projeto receberam R$4 pelo mesmo peso.

Em 2015, os proprietários do Araucária+ venderam 800kg de pinhão para a produção da cerveja e a expectativa é de que a parceria continue no próximo ano. “Com certeza vou continuar, a gente ganha mais e ainda protege a natureza. Todos saem ganhando”, afirma Rosaldo Pagani de Almeida, produtor da cidade de Urupema (SC). Ele explica que já era um entusiasta da conservação antes de conhecer o projeto e afirma que, dos 100 hectares da sua propriedade, 40 são de floresta nativa.

Com informações de Certi e Cervejaria Insana