Gabriela Montandon

Na Bélgica, ela pesquisa como o Brasil pode viabilizar a produção de cervejas especiais com leveduras próprias

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"Em meio aos vários tanques de cervejas experimentais com o uso de leveduras do Brasil (Laboratory of Enzyme, Fermentation and Brewing Technology, Gent, Bélgica)"

BeerArt 7 - jun/2014

Gent (Bélgica) - Despretensiosamente, minha vida se tornou um mosto fermentado. Depois de beber pela primeira vez uma cerveja especial, há quase 10 anos, hoje eu me resumo a cerveja: como hobby e trabalho, da produção à análise química e sensorial da bebida. Depois da fermentação, não há mais volta. De apreciadora, fui homebrewer, juíza de cervejas, hoje tenho uma cervejaria no Brasil ainda que morando na Bélgica e, em breve, me especializo com a conclusão do meu doutorado em produção e fermentação de cerveja com leveduras do Brasil. Mas não comecei sozinha.

Ambos estudantes de Biologia na época, eu e Paulo Patrus unimos nossas capacidades em prol da cerveja. Namorados, nos apaixonamos juntos pela bebida: ele com tendências culinárias, e eu com queda para a ciência. Criamos as cervejas Grimor. Por alguns anos fomos felizes homebrewers, depois montamos uma nanocervejaria em casa e hoje temos nossa própria cervejaria dentro do projeto Inconfidentes Cervejarias Conjuradas. Nesse meio caminho nos tornamos também os primeiros juízes pelo Beer Judge Certification Program, e aquele hobby virou mesmo foi um grande rumo nas nossas vidas.

Enquanto Paulo toma conta de todo o ciclo de produção das cervejas Grimor com alguns pitacos meus daqui, finquei meu pé ainda mais no campo cervejeiro quando decidi defender um projeto de doutorado inovador, que me trouxe pra Gent, na Bélgica. Morando aqui, minhas horas são dedicadas a tentar reduzir a total dependência do Brasil por leveduras importadas.

Desenvolvo uma linha de pesquisa cujo principal objetivo é viabilizar a produção de cervejas especiais no Brasil com as nossas próprias leveduras - quem sabe diminuindo custos e valorizando a genuinidade das nossas linhagens.

Divido o meu doutorado entre o Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos (Departamento de Microbiologia) da Universidade Federal de Minas Gerais e o Laboratory of Enzyme, Fermentation and Brewing Tecnhnology, KU Leuven – Campus Gent na Bélgica. O trabalho não é fácil mas entre horas a fio no laboratório, já pude visitar mais de 20 cervejarias na Bélgica, participei como juíza de concursos de cervejas na Bélgica, na Holanda e nos Estados Unidos e ativamente participo de degustações e análises químicas dentro de outros projetos de pesquisa principalmente em estabilidade sensorial de cervejas. Todas as horas do meu dia estão dedicadas aos mostos, às cervejas ou às leveduras e, quando sobra tempo, degusto algumas das dezenas das belas cervejas da região.

Daquela simples descoberta de novos sabores, aromas e cores, hoje resido em um dos maiores laboratórios da Europa e me encho de orgulho em tentar descobrir a genuinidade da diversidade brasileira dentro dos tanques de fermentação da Bélgica! Saúde!